A publicação mensal "MARIAANTONIA", do Mackenzie, refere-se às medidas do Poder Público para a Cracolandia em São Paulo como se fosse uma FAXINA.
Faxina = feixe de gravetos ou madeira em pequenos pedaços que fazem entupir as valas e bueiros das praças. Limpeza em geral de grande porte.
A referencia a limpeza, faxina, leva ao sentido de sujeira, contaminação, lixo, algo ou objetos inúteis e danosos que devam ser removidos de um lugar.
Todavia, os tais objetos da faxina não são objetos, são seres humanos, em condição precária de existência, acometidos por doença ou doenças e portanto, merecedores de determinada atenção do Poder Público.
A menção de faxiná-los é fria e discriminatória, excluindo o direito aos cuidados sociais para estas pessoas.
Como se gravetos entupidores fossem estas pessoas retiradas com repressão policial de áreas do Centro de São Paulo, acusadas do consumo e venda de tóxicos.
Então objetos, sem alma, sem sentido, inertes coisas, que podem ser retiradas a qualquer momento e atiradas ao depósito de lixo. Ou simplesmente removidas, varridas para outros lugares.
Algo lembra, em semelhança, o que aconteceu no Brasil Império, logo após a chamada "Abolição da Escravatura". Negros e descendentes varridos, alforreados, porém apenas largados nas ruas do País, sem destinação, sem assistencia, de um governo que mantinha sua Corte abastecida de festas e privilégios.
A análise mais aprofundada da origem destas colocações na referida publicação levará a concêntrica origem das apropriações de Áreas Públicas e as relações de certos segmentos sociais com a expropriação dos direitos dos Cidadãos.
Quando faltam argumentos, surge a violência.
E a violência se manifesta de várias formas.
MRLL