Mais uma criança, inocente vítima dos enganos da classe média brasileira.
Mais uma vida humana perdida pela inútil carência de status social.
Jornal Folha de São Paulo, 22/05/2009
Cada vez fica mais clara no Brasil a falência do sistema de “condomínios”.
Por mais fechados que sejam, por mais tecnologia que tenham, por mais caros que custem, não resolvem a "neurose de segurança" de quem adquire imóveis e aceita este regime de morar.
Estou me referindo aos condomínios verdadeiros, pior é a situação dos falsos condomínios, espécie de “rolex falso” que a carência de status social da classe média brasileira achou um dia.
Em ambas as situações, agrava-se a coisa pela inegável conotação elitista destas propriedades e aberrações, excluindo a maior parte da população, criando a estratificação forçada das pessoas.
Isto, logicamente, interessa aos detentores de maior poder aquisitivo, pois podem satisfazer seus egos repletos de desejos de superioridade, orgulho e rejeição sobre quem necessita trabalhar para sobreviver prestando serviços a estas pessoas.
Teorias várias dizem da exacerbação da violência gerada por esta estratificação. Será?
Nos “bolsões” ou falsos condomínios a coisa tem, além da mesma discriminação e humilhação impostas dos condomínios verdadeiros, a hipocrisia, a mentira de chamarem de particulares as áreas públicas.
O caso de Rio Claro prova esta falência.
A Sociedade Brasileira precisa se convencer que sem exigência igualitária do direito constitucional aos serviços públicos em geral, não adiantarão condomínios e outras faláceas parafernalescas para garantias da própria vida.
Dr. Ricardo A Salgueiro
Médico
MRLL