Os deploráveis privilégios colonialistas e segregatórios continuam ativos nas cidades brasileiras.
Os que têm mais acesso a Justiça e a interferência nos governos conseguem estes privilégios em detrimento dos menos favorecidos.
A injustiça social tem sido assim praticada. Muros, símbolo claro e real da segregação, obstáculo. Muros sociais que geram as discrepâncias.
A proximidade de eventos esportivos de potencial turístico no Brasil, principalmente, tem gerado obras discutíveis na infraestrutura das cidades brasileiras.
Desde estádios, nos quais se aplicam verbas públicas em detrimento da Saúde, Educação, até remoções de moradores de rua e ocupantes sem teto de prédios da especulação imobiliária ou prédios públicos inativos e muros.
Muros construídos, por exemplo, a borda de vias de transito importantes nas grandes cidades, em situações urbanas estratégicas na imagem do país, que deverá apresentar-se “limpo” e “ordeiro” à visão superficial dos visitantes e dos meios de comunicação de todo o mundo.
No “Rodoanel Mario Covas”, nos trechos limítrofes com a paisagem urbana desordenada, favelas, está sendo construído imenso muro de concreto, de discutível durabilidade e certamente de elevado custo, obviamente escondendo a visão das áreas pobres destes locais.
Ao contrário dos muros dos falsos condomínios, construídos sob a desculpa da “segurança”, os muros destas vias de alto tráfego escondem as habitações precárias, os aglomerados urbanos ausentes de vegetação, quando o impacto, que foi e tem sido gerado pela negligência e corrupção das políticas de muitos anos, agride cursos de água e o ambiente em geral.
A visão destas áreas pode macular a imagem brasileira da “ordem e progresso” e poderia permitir a constatação mundial das imensas diferenças sociais num país que se diz em crescimento.
E a solução das mazelas sociais fica assim tida como tapar a visão, a semelhança do “esconder a sujeira sob o tapete”, tapete de muros.
A sujeira real é a política de exclusão e colonialista que ainda tem imperado no Brasil.
A realidade da Sociedade brasileira é um “não quero ver”, um “nem vou olhar”.
Pobres, negros, os excluídos da sorte e da corte tácita ou das classes mais favorecidas do Brasil, são assim impedidos de direitos iguais, previstos na Lei máxima desta Nação.
O fator político-social que ainda gera estas enormes diferenças e injustiças sociais é o mesmo fator que gera muros excludentes nos falsos condomínios e tenta impedir a visão da pobreza do Brasil real.
Recomendo a leitura da tese de Teresa Caldeira:
CALDEIRA, Teresa P. do Rio. 2000. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34/Edusp.
MRLL
Um comentário:
Realmente.. Os muros das cidades significam a separação daqueles burgueses com o resto da sociedade.
O muro instalado no rodoanel é uma clara tentativa de ocultar as áreas de bairros menos favorecidos, é uma tristeza.
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